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OS SETE PECADOS CAPITAIS

Atualizado: 13 de mar. de 2020



A luta contra os pecados capitais é um dos principais elementos da vida espiritual de todo cristão que quer seguir os passos de Cristo. Sabe-se que desde o início do cristianismo os Padres da Igreja perceberam que há dentro de nós raízes, que dão origens a novos pecados; todos eles originam-se no amor desordenado de si mesmo, ou no egoísmo, que não nos deixa amar a Deus acima de todas as coisas e nos inclina a afastarmo-nos d'Ele. O Papa São Gregório Magno instituiu a lista dos "Sete Pecados Capitais" e, mais tarde, Santo Tomás de Aquino os explicita de acordo com as desordens em relação às finalidades humanas em sua Suma Teológica. Os pecados capitais são apetites desordenados dos quais, como de uma fonte, promanam outros pecados. Melhor se diriam vícios capitais. Chamam-se vícios “capitais” (do latim: caput, cabeça) estes pecados não tanto pela gravidade, quanto pelo número e variedades dos pecados que deles nascem, pois são eles as "cabeças" [dos outros pecados]. São sete os pecados capitais, a saber: A soberba, a avareza, a luxúria, a inveja, a gula, a ira e a acídia (ou preguiça).


I. A soberba. É um desejo desordenado da própria superioridade. É pecado mortal “ex toto genero suo”, quando leva o homem ao desprezo dos superiores e à desobediência às suas leis. É pecado venial quando “ex toto genere suo”, quando não chega a tanto, se bem que alimente no homem excessivo desejo de honra e distinção entre seus iguais; pode tornar-se mortal pelas circunstâncias: por exemplo, se leva a desprezar gravemente o próximo; é pecado venial se leva o homem só a ofender levemente os seus iguais.


Filhas da soberba, são: 1) a ambição e a presunção que, constituem pecado grave, quando levam a aceitar um emprego que não se está capaz de cumprir; 2) a vanglória que em si é pecado venial, mas pode tornar-se mortal se alguém manifesta a própria superioridade injuriando gravemente os outros, ou coloca nela o fim último todas as suas ações, pronto a praticar qualquer outra ação, antes que reprimi-la. Da vanglória nascem: a) a jactância, leve em si mesma, quando alguém se jacta do bem que se faz. Constitui, porém, pecado grave, quando alguém se vanglória de matéria gravemente pecaminosa (cfr. n. 96); b) a hipocrisia, que é a simulação de virtudes que não se tem; pode constituir culpa grave, quando redunda em desprezo de Deus ou em injustiça em relação ao próximo; c) a ostentação que visa fazer-se notar pelo fausto do que se faz alarido ou por certas singularidades; é pecado mortal quando tem por fim a corrupção dos costumes e é causa de escândalo.


II. A avareza. É desejo desordenado do bens da terra. É pecado venial “ex toto genere suo” se se opõe só à liberalidade; é pecado mortal “ex genere suo”, se se opõe à justiça e à caridade.


III. A luxúria. É o desejo desordenado dos prazeres sensuais. Sobre este pecado cfr. o VI Mandamento do Decálogo, pode-se encontrar neste Catecismo, link: https://www.sacratraditione.com/catecismo-da-doutrina-crista


Diz Santo Afonso Maria de Ligório que é por meio da luxúria que o Diabo triunfa sobre o homem inteiro, sobre seu corpo e sobre sua alma, sobre sua memória, enchendo-a com a lembrança de prazeres impuros, a fim de fazê-lo gostar deles; sobre o seu intelecto, para fazê-lo desejar ocasiões de cometer o pecado; sobre a vontade, fazendo-o amar as impurezas como seu fim último, e como se não houvesse Deus. "A Fornicação e o prazer", diz São Jerônimo, "pervertem a compreensão e transformam os homens em bestas". Nos voluptuosos e impuros, são literalmente verificadas as palavras de Davi: "O homem não permanece com o seu esplendor, é como animal que perece" (Sl 48,13). São Jerônimo diz que não há nada mais vil e degradante, que alguém deixar-se ser conquistado pela carne: "Nihil vilius quam vinci a carne".


De acordo com São Gregório, a partir da impureza surgem a cegueira do entendimento, a destruição, o ódio a Deus e o desespero quanto à vida eterna. Santo Agostinho diz que, embora os impuros possam envelhecer, o vício da impureza não envelhece neles. Por isso, Santo Tomás diz que não há pecado em que o Diabo se deleite tanto como neste pecado, porque não há outro pecado a que a natureza se apegue com tanta tenacidade. Ela adere ao vício da impureza tão firmemente, que o apetite por prazeres carnais se torna insaciável.

O vício da impureza também traz consigo a obstinação. Para vencer as tentações, especialmente contra a castidade, a oração contínua é necessária. “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação. Pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mc 14,38). Mas como os impuros, que estão sempre procurando novas tentações, poderão orar a Deus para livrá-los da tentação? Eles às vezes, como Santo Agostinho confessou de si mesmo, abstém-se da oração, devido ao medo de serem ouvidos e curados da doença, que eles desejam que não acabe. "Eu temia", disse o santo, "que Vós irieis em breve ouvir-me e curar-me do pecado da concupiscência, que eu desejava ver saciado, em vez de extinto". São Pedro chama este vício de pecado insaciável. "Têm os olhos cheios de adultério e são insaciáveis no pecar" (2 Pr 2,14).


IV. A gula. É o desejo desordenado da comida e da bebida; é pecado venial “ex genere suo”. Pode, porém, tornar-se mortal se chega a excessos que impossibilitam uma pessoa de cumprir seus deveres de estado, ou quando se torna causa de pecados graves. Com efeito, a gula pode levar á incontinência, à intemperança da língua, etc.


À gula se referem a intemperança no beber até à perda do uso da razão (embriaguez), a qual, se é perfeita, isto é, se chega a impedir completamente o uso da razão, é pecado mortal “ex genere suo”, se causada sem motivo suficiente.


Por graves razões, provavelmente, pode permitir-se a embriaguez, como por exemplo, para curar uma doença ou para com mais segurança submeter-se alguém a uma operação cirúrgica. Afastar a melancolia não é motivo suficiente para embriagar-se. A embriaguez que priva só parcialmente do uso da razão (imperfeita) é somente pecado venial, mas poderia torna-se mortal pelo dano ou escândalo produzido, pela tristeza que poderia causar aos pais, etc.

“A gula mata mais gente que a espada”, disse Santo Agostinho. O Apóstolo nos aconselha a que sejamos bem sóbrios. “Irmãos, sede bem sóbrios!...” (1Pd 5, 8). Não imitemos estes gozadores da vida, materialões grosseiros que vivem para a mesa. Santo Antônio Maria Claret ensina-nos que "o homem não há de viver para comer e beber, senão que há de comer e beber para viver. É necessário comer e beber para sustentar a natureza, e não regalar os sentidos" (O Caminho Reto, p. 270). Temos apenas uma alma, isto é tão importante! Por que desperdiçá-la assim fazendo do ventre um deus? Diz a Escritura que muitos homens fazem do estômago o seu deus: — quorum deus venter est… “O deus deles é o ventre” (Fl 3, 19).


V. Ira. É um desejo desordenado de vingança. Pode ser má por dois motivos: a) pelo objeto, se alguém procura vingar-se de um inocente, ou punir demasiado uma pessoa culpada, ou se procura a vingança, não enquanto é justa, mas para satisfazer um sentimento de malevolência; é, nesse caso, pecado mortal “ex genere suo”, porque se opõe à caridade á justiça; b) pelo modo de vingar-se, se está demasiado exaltado exteriormente, na manifestação desta paixão, é então pecado venial, mas poderia tornar-se mortal, se a tais exaltações se seguissem blasfêmias, imprecações, escândalos, etc.


Filhas da ira, são: a indignação e o mau-humor, o endurecimento do coração, as blasfêmias, as contumélias, etc.


É lícita a ira justa, manifestada na indignação razoável por causa de um pecado, ou que exige a justa punição dele.


VI. A inveja. É o descontentamento que se sente pelo bem alheio considerado como diminuição da própria excelência. É pecado mortal “ex genere suo”, porque se opõe diretamente à caridade, a qual, quer que nos alegremos com o bem do próximo. Quanto maior o bem invejado, tanto mais grave é o pecado.


Muitas vezes nos confunde a inveja com o ciúme: este consiste no amor excessivo do próprio bem acompanhado com o receio que outros no-lo tirem. Há também diferença entre inveja e emulação. Esta é um sentimento louvável que nos leva a imitar, a igualar e se possível, superar, com meios justos, as boas qualidades do próximo.


VII. A acídia (ou preguiça). a) Em sentido geral: é o aborrecimento das coisas espirituais pelo esforço que as acompanha. b) Em sentido particular, é o desgosto da amizade divina por causas dos sacrifícios que esta impõe para sua conservação.


A acídia considerada sob o primeiro aspecto torna-se pecado mortal quando por ela se viola um preceito afirmativo ou negativo. Considerada sob o outro aspecto, é pecado mortal “ex toto genere suo”, porque se opõe diretamente ao amor de Deus.


Os Santos Padres vêem na preguiça espiritual "uma forma de depressão devida ao relaxamento da ascese, à diminuição da vigilância e à negligência do coração". O cristão pode viver dois extremos negativos em sua vida de oração: 1) o desânimo; 2) a presunção, cuja filha é a preguiça. O primeiro está relacionado à aridez espiritual e ocorre quando o coração está desanimado, sem gosto com relação aos pensamentos, às lembranças, aos sentimentos, mesmo espirituais e a pessoa acaba ficando "farta" de tudo isso, acaba ficando sem forças, desanimada. O segundo faz com que a pessoa julgue ter alcançado o grau máximo (ou que está muito avançado) de comunhão com Deus, ou seja, presunçosamente já se considera santa.


Sabe-se que a presunção é a mãe da preguiça espiritual. A presunção relaxa ou mesmo acaba com a vigilância, sim aquela vigilância na qual Nosso Senhor Jesus Cristo nos alerta e, quem nela se acomoda corre o sério risco de perder-se eternamente.


A preguiça espiritual deve ser combatida com a ascese, a vigilância e o cuidado do coração que se exerce sobretudo na oração, no ouvir a Deus, sobretudo na oração mental, deixá-lO falar, mesmo quando o ouvir não seja agradável ou torna-se "penoso". Nós não devemos desistir, esta vida não nos foi dado para o descanso, ma sim para o trabalho e através do trabalho merecer a vida eterna. A fé exige um esforço porque existe uma tendência no homem de sair da realidade e entrar nas falsas promessas de felicidade contidas em cada tentação, em cada pecado. Por isso, é uma luta a vida do homem sobre a terra (Cf. Jó 7,1). Somos fracos, mas tudo podemos Naquele que nos fortalece (Cf. Fl 4,13).




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