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A ORDEM DE DEUS PARA NOSSA SANTIFICAÇÃO

Atualizado: 13 de mar. de 2020


A ORDEM DE DEUS


A ordem de Deus confere a todas as coisas, um valor sobrenatural e divino a alma que com ela se conforma. Ora, tudo o que esta ordem bendita prescreve, todos os objetos pelos quais ela se estende, em fim, tudo o que ela contém, tornam-se perfeição e santidade, porque a sua virtude não tem limites e a sua submissão e seu amor diviniza todas as coisas que ela toca. Toda virtude fundada na rocha, reside nesta ordem de Deus; e assim nada se deve rejeitar sem procurar conhecê-la, mas antes abraçar tudo o que venha da sua parte, e nada sem ela.


Deus forma os santos como lhe compraz; a sua ordem é que os faz a todos e todos nós devemos estar sujeitos a ela; sujeição é o verdeiro abandono a Deus, é uma fé viva, um amor ardente e um desejo puro, é o que há de mais perfeito.


O cumprimento dos deveres do estado (de cada pessoa) e a aceitação das disposições da Divina Providência foi e é o patrimônio comum de todos os santos; toda a perfeição consiste na submissão com amor à vontade de Deus, à ordem de Deus. Não se deve desanimar ao ler a vida dos santos, ao ver que estes Deus fez com que suas virtudes iluminassem por meio de ações singulares e extraordinárias; em grandes obras, penitências rigorosas, mortificações sublimes, isto ou aquilo, mas é certo que os santos apenas estava sendo submissos à vontade de Deus. Não fazer estas obras e penitências que alguns santos fizeram, não significa não se santificar. Ora, a santidade não consiste necessariamente nas obras em si, mas sim na intenção e na realização delas com muito amor.


Ao ler a vida de Santa Teresinha do Menino Jesus, sabemos que ela não fora morar no deserto, tampouco fez penitências rigorosas; não fazia coisas extraordinárias, não porque não queria, mas porque não conseguia. Mas, por graça de Deus, ela percebeu que podia ser santa, uma grande santa, apenas cumprindo os deveres diários; cumprindo aquelas tarefas simples e sofrendo as pequenas cruzes do dia a dia com submissão, paciência e amor. Ela enxergava a vontade de Deus nas pequeninas coisas, nas mais desoladoras e angustiantes também. Mas recebeu tudo com igual alegria, e, por vezes, com maior júbilo; o que outros temiam e fugiam com horror, desprezo ou preguiça, ela honrava-se por receber das mãos de Deus as pequenas cruzes, para a maior glória de Deus assim fazia. Papa São Pio X a nomeou como “a maior santa dos tempos modernos”.


A SANTIFICAÇÃO NAS COISAS SIMPLES


Creio que se todas as almas que tendem seriamente para a santidade fossem instruídas sobre este modo de proceder, sobre o que devem observar, evitariam muitas dificuldades. E isto digo, não somente das pessoas que abraçam a vida religiosa ou eclesiástica, mas também aos leigos. Se nós paramos para refletir e vermos ao nosso redor o que temos em mãos diariamente, o mérito de cumprir os deveres ordinários do próprio estado. Ó almas, não deveis fazer mais do que fazes, nem sofrer mais do que sofres; só tendes que mudar o vosso coração. E pelo coração entende-se a vontade. Esta mudança consiste em amar com a vontade aquilo que nos sucede por ordem de Deus.


Ó almas, o que vós desprezais e deixais perder, bastaria para obter uma santidade sublime. Não há nada tão fácil, nem tão comum, nem que esteja tanto às mãos de todas as pessoas, como a santidade. Por isso, vos digo: purifica o teu coração, desapegue das criaturas, abandone-te inteiramente a Deus e emprega-te a cumprir com amor os seus deveres. Ora, a fé e o amor são a vossa medida; quando mais o coração ama, tanto mais deseja, e quanto mais ele deseja, mais encontra. A vontade de Deus é a única coisa necessária, na qual dizia Jesus; e assim, tudo o que é fora da vontade de Deus é inútil, mentira e vaidade.


DA CRUZ E DA SANTIFICAÇÃO ATRAVÉS DELA


Tudo nos leva à verdadeira união com Deus; tudo nos ajuda a aperfeiçoar-nos, a santificar-nos, exceto o que é pecado ou o que está fora de nossa obrigação: basta que destruamos o egoísmo das trevas em nossos corações com a chama devorada de Deus, isto é, que aceitemos tudo e entreguemo-nos à ação de Deus, pois tudo vos dirige, vos corrige e vos transporta. Tudo é obra das mãos de Deus.


É por isso que vos digo, ó almas, vamos, através da languidez, das doenças, securas, desolações espirituais, da desigualdade de humores, das fraquezas de espírito, das armadilhas dos demônios e dos homens, de suas desconfianças, preconceitos e desprezos.


Sendo passarinhos, como águias pairemos acima de todas essas nuvens e, de olhar fixo no divino Sol e nas nossas obrigações, que são os Seus raios. Sintamos tudo isso; ora, não somos insensíveis. Mas lembremo-nos que a nossa vida não é uma vida de sentimento. Na região superior da alma é que devemos viver, onde Deus e a sua vontade operam uma eternidade sempre igual, imutável.


Esta ordem da bondade divina que se apresenta incessantemente oculta sob o véu das cruzes, é a pedra inalável na qual a alma de boa vontade repousa confiadamente, ao abrigo das tempestades; deixando Jesus dormir no coração, confiando em Deus, sabendo que Ele está a velar-nos. A arte do abandono à divina providência com amor, é verdadeiramente a arte da santificação.

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